domingo, 20 de maio de 2007

Sensibilidade...

Por: Ingrid Fernandes

Lendo o blog, da minha amiga Márcia, me emocinei. Por dois motivos: um texto bem escrito e a lembrança da sua infância, dos seus sonhos... Através daquele perfil pude enxergar a Márcia, pude me enxergar... Voltar a minha infância, em que não ficava suja de lama, como descreve minha amiga, mas achava que o mundo era cor-de-rosa. E achava que pudia tudo. E achava que não existia maldade. Fome. Necessidade. Só quando descobri essas coisas, soube que o mundo não era cor-de-rosa, mas da cor que eu quiser que ele seja, que eu fizer que ele seja.
A Márcia falou, ops! escreveu, a respeito de um mundo novo, alternativa para tudo isso que aí está, imaginei este mundo. Nele o comunismo não seria utopia, a educação seria prioridade, efetivamente, não como neste mundo que ela se torna prioridade apenas nas falácias do discurso político. Eqüidade. Igualdade, Solidariedade, Fraternidade seriam realidade.
Navegando por outros blogs, visitei o "poucas-boas" e me deliciei, novamente com um texto bem escrito. O autor do Blog fazia um relato sobre as diferenças entre a Autrália e o Brasil. Loucura?!Diferente demais para se comparar?! Pode até ser, mas constatei algo: necessitamos viajar para saber que existem lugares em que podemos andar nas ruas de madrugada sem nos preocuparmos em sermos roubados, violentados, mortos. Mas simplesmente sair, andando e curtir o finzinho da noite. Andar para curtir a madrugada?! Inconsequente?! Neste país, nesta cidade, completamente. Mas fiquei a imaginar, a viajar... e nessa viagem é que entra a música do Baleiro. Ela representa bem esse momento, essa viagem: "ando tão a flor da pele que qualquer beijo de novela me faz chorar". Sensiblidade, uma faca de dois gumes, num mundo com uma concorrência exacerbada, sem tempo pra nada. Coordenado pela lei de Murphy que determina que se algo tiver que dar errado ele vai dar errado, e da pior maneira possível. Pessimista, não?!
A sensibilidade está cada vez perdendo mais espaço, na vida das pessoas. Sensibilidade para ler um bom texto e identificar nele alma do autor, para contemplar a noite, as estrelas, um bom filme, uma boa música...
Neste mundo em que tudo nos é roubado: os sonhos, os direitos (que nem sabemos, na maioria das vezes que os temos), os desejos, só peço que não me roubem a minha sensibidade, para que eu ainda consiga sentir o cheiro da manhã, do meu amor, e de chorar e me emocionar com felicidade ou com a dor.
Beijo carinhoso, até a próxima.

sábado, 19 de maio de 2007

Flor da Pele

Ando tão à flor da pele,
Qualquer beijo de novela me faz chorar
Ando tão à flor da pele,
Que teu olhar "flor na janela" me faz morrer
Ando tão à flor da pele,
Que meu desejo se confunde com a vontade de não ser
Ando tão à flor da pele,
Que a minha pele tem o fogo do juízo final...

(Zeca Baleiro)

Sentir? Sinta Quem Lê!

Sentir? Sinta quem lê! O último verso da poesia de Fernando Pessoa (uma das minhas preferidas) nos deixa uma pergunta e em seguida uma afirmação. Diante desta, surgem os seguintes questionamentos: será que temos refletido suficientemente sobre as muitas indagações que se lançam no ar sobre a questão da leitura? Que análises temos feito das contribuições para o aluno?
Temos ciência que ler é uma das competências mais importantes a serem trabalhadas com o aluno, principalmente por ser esta uma das principais deficiências do estudante brasileiro. Não basta identificar as palavras, mas fazê-las ter sentido, compreender, interpretar, relacionar e reter o que for mais relevante.
O aperfeiçoamento da imagem, por exemplo, provocou inquietações e levou até mesmo a previsões catastróficas em relação ao futuro da leitura e do livro (o surgimento do computador e o advento da internet que o digam). Temia-se que a era de Gutemberg estivesse prestes a ser tragada pelo poder incomensurável das transmissões eletrônicas, do laser, dos satélites." Verificamos com o passar do tempo que esta previsões estavam equivocadas.
"Reclama-se sempre que a criança e o jovem não lêem e não gostam de ler. Afirmações como essas, gratuitas e, no mais das vezes, mal discutidas transformam-se em preconceito cristalizado que vai penetrando em pessoas e grupos, acabando por se transformar em dogma. E uma vez o dogma absorvido, muito mais difícil se torna reverter situações indesejadas." "A criança, o jovem que estuda - e também o adulto - , todos lêem razoavelmente. Mas lêem mais por exigência de uma avaliação, muitas vezes, insufuciente para medir o conhecimento do aluno. Quase nunca a leitura vem ligada à satisfação. O prazer de ler um texto bem escrito, e se deixar levar pelo fantástico mundo das palavras, na maioria das vezes se torna um martírio para a criança e isso só tende a intensificar na fase adulta... A educação no Brasil encontra vários problemas, já desgastados de tanto que são discutidos, no entanto falta despertarmos em nossos estudantes o desejo e o gosto pela leitura, porque é só através da educação que esta nação, cuja a maioria é composta por analfabetos funcionais poderá um dia almejar adentrar a patamares semelhante aos do primeiro mundo, pelo no que diz respeito à educação.

Beijo carinhoso, até a próxima.

Isto

Dizem que finjo ou minto
Tudo que escrevo. Não.
Eu simplesmente sinto
Com a imaginação.
Não uso o coração.

Tudo o que sonho ou passo,
O que me falha ou finda,
É como que um terraço
Sobre outra coisa ainda.
Essa coisa é que é linda.

Por isso escrevo em meio
Do que não está ao pé,
Livre do meu enleio,
Sério do que não é.
Sentir? Sinta quem lê!


(Fernando Pessoa)

sexta-feira, 18 de maio de 2007

Por: Ingrid Fernandes
Muitas pessoas passam a vida buscando encontrar a pessoa amada, buscam uma realização profissional, uma "gorda" conta bancária, eu não. Eu busco acima de tudo isso, encontrar a mim mesma. Ainda que aparentemente esta seja uma questão paradoxal, o encontro consigo mesmo passa a ser uma questão, não apenas de vontade, mas uma necessidade. Por isso o primeiro texto postado neste blog tem por título " Caçador de Mim". Afinal, nada melhor do que a Música interpretada por Milton Nascimento para expressar essa busca.
Como ser humano sou complexa, todavia, ainda mais complexa é a busca por algo que ainda não encontrei, diferente de tudo que busquei, pensei. A essa caçada está pautada a minha vida, minha existência...
Bem-vindos ao Blog "CAÇADOR DE MIM".
Beijo carinhoso até a próxima.

quinta-feira, 17 de maio de 2007

Caçador De Mim....

Por tanto amor
Por tanta emoção
A vida me fez assim
Doce ou atroz
Manso ou feroz
Eu caçador de mim
Preso a canções
Entregue a paixões
Que nunca tiveram fim
Vou me encontrar
Longe do meu lugar
Eu, caçador de mim
Nada a temer senão o correr da luta
Nada a fazer senão esquecer o medo
Abrir o peito a força, numa procura
Fugir as armadilhas da mata escura
Longe se vai
Sonhando demais
Mas onde se chega assim
Vou descobrir o que me faz sentir
Eu, caçador de mim
Milton Nascimento
Composição: Luís Carlos Sá e Sérgio Magrão